Testemunhas mudam versões sobre a 'Chacina do Guamá', em Belém, e alegam ter sido coagidas por delegados

No total, foram dez depoimentos, sendo seis de defesa e quatro de acusação. Duas testemunhas civis de acusação faltaram e a promotoria deve insistir pelo depoimento delas. Justiça Militar ouve testemunhas da Chacina do Guamá Três testemunhas de acusação ouvidas, nesta terça (29), em audiência de instrução convocada pela Justiça Militar do Pará, sobre a 'Chacina do Guamá', mudaram as versões e disseram que foram "torturadas psicologicamente" por oito delegados da Polícia Civil do Pará antes de depor. As três haviam declarado o crime com riqueza de detalhes, segundo a promotoria que analisa o caso. A Polícia Civil do Pará informou que a instituição ainda não foi comunicada oficialmente sobre a denúncia de excessos cometidos pelos policiais civis. No total, foram dez depoimentos, sendo seis de defesa e quatro de acusação. Duas testemunhas civis de acusação faltaram e a promotoria deve insistir pelo depoimento delas. A sequências de mortes que deixou 11 vítimas em um bar no bairro do Guamá, em Belém, ocorreu em maio de 2019. Uma pessoa ficou gravemente ferida. Quatro policiais militares são acusados de participar das execuções e estão presos preventivamente. A defesa dos policiais entrou com pedido de revogação da prisão, mas o juiz titular da Justiça Militar, Lucas do Carmo de Jesus, adiantou que o pedido será negado. O julgamento deve ocorrer na segunda quinzena de dezembro deste ano, segundo o juiz. O promotor Armando Brasil informou que as testemunhas de acusação são civis que estão presos por suspeitas de participar do crime. Uma testemunha, que também é réu na Justiça, se recusou a depor. Segundo Brasil, as testemunhas que alegaram ter sido torturadas apresentaram depoimentos com riqueza de detalhes, acusando os policiais de execução. "Elas testemunhas civis disseram que participaram do planejamento do crime, mas a execução foi cometida pelos militares", disse. Os depoimentos, no entanto, contradizem provas técnicas que foram colhidas no local das mortes. "Existem imagens dos policiais e veículos no local; foram recolhidas cápsulas de ponto calibre de munição de treinamento da PM, enfim, existe todo um arcabouço probatório de natureza técnica que derrubam os depoimentos dessas testemunhas hoje em juízo", explicou. Com as contradições, a promotoria disse que não vai considerar como válido esses depoimentos prestados, pois as testemunhas podem ter sido coagidas e ter agido sob medo. Já entre as testemunhas defesa, a maior parte de um dos policiais reformados envolvidos, defenderam que ele estava no município de Tracuateua, no dia do crime. O que, segundo a promotoria, é contrariado por uma filmagem que mostra o policial no bar onde ocorreram as mortes. "Uma testemunha civil de defesa alegou que era namorada do cabo Wellington, um dos policiais, e negou a participação dele, mas não explicou o porquê dele não retornar ao local para se solidarizar com a família, já que ele seria amigo da dona do bar. Então, ficaram vários pontos contraditórios nos depoimentos", afirmou o promotor Brasil. Após as audiências, os réus devem ser interrogados e terão a chance de apresentar a versão de defesa, diante das provas técnicas recolhidas pela promotoria. Foram denunciados à Justiça Militar: Pedro Josimar Nogueira da Silva, conhecido como 'cabo Nogueira' - executor; José Maria da Silva Noronha, o 'cabo Noronha - executor; Leonardo Fernandes de Lima, 'cabo Leo' - executor; Wellington Almeida Oliveiras, o 'cabo Wellington' - acusado de chegar antes ao bar para identificar e localizar as vítimas.

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